domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sem resistência forças de segurança ocupam nove favelas



RIO DE JANEIRO – As forças de segurança do estado do Rio de Janeiro não precisaram disparar um único tiro para ocupar as nove comunidades que abrangem os bairros do Estácio, do Catumbi e de Santa Teresa, na área central e norte da cidade, hoje (6) cedo.

Como nas ocupações do Complexo da Vila Cruzeiro, na Penha, e do Alemão, mais de 400 motos foram deixadas para trás pelos traficantes e dezenas de carros roubados abandonados, desta vez a ocupação do Complexo de São Carlos foi diferente, não havia motos e carros deixados para trás pelos bandidos.

Apenas no início da ocupação, um blindado da Marinha teve de passar por cima de um carro que estava atrapalhando a passagem dos carros de combate. As ruas de acesso aos morros de São Carlos e da Mineira, no Catumbi, estavam livres e pouca gente circulava pelas ruas, apesar de um domingo de sol forte no Rio, quando o carioca aproveita para ir à praia.

A Polícia Militar tomou os pontos estratégicos no alto dos morros e de lá tem uma visão privilegiada de toda a comunidade.

As bandeiras do Brasil e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), serão hasteadas no Morro de São Carlos, numa casa abandonada, num ponto privilegiado na parte mais alta da comunidade, para demonstrar a ocupação pelas forças de segurança.

A casa está em obras e tem fachada de ladrilhos e se destaca das demais pelo seu tamanho. O comandante do Bope, coronel Renan Alonso, disse que a casa fica num lugar de onde se tem uma visão geral de toda a comunidade.

A maioria dos moradores ainda tem receio de falar com os jornalistas sobre o processo de ocupação para a implantação de uma unidade de polícia pacificadora (UPP) e a expulsão dos traficantes, pondo fim ao uso ostensivo de armas pesadas e o controle da população.

A moradora Maria das Graças da Silva, 56 anos, residente há mais de 20 anos perto das torres da Light, na subida de São Carlos, tem um filho em idade escolar, disse que agora tudo começa a melhorar. “Eu trabalho fora e saio de manhã e só chego de noite. A minha preocupação é com o meu filho, de 12 anos, que estuda e fica sozinho em casa. A ocupação sempre traz melhoria e vai trazer mais ainda. Eu passei hoje de manhã e os policiais já me deram bom dia e eu respondi, bom dia”.

O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse que a área do complexo de São Carlos é uma região estratégica porque liga o centro à zona sul da cidade, através dos túneis Rebouças e Santa Bárbara.

Ele explicou que é uma área com 47 pontos de saída “e se considerarmos o número de pessoas que transitam diariamente no seu entorno, chegaremos a 500 mil pessoas”.

O secretário disse que a ocupação desse território com apoio da Marinha, da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, “é do cidadão de bem contra o crime. Ela é uma luta brasileira e eu tenho certeza que daqui nós podemos levar essas ações para outros estados e quem sabe diminuir índices de criminalidade que não é só o carioca que quer, é todo o Brasil que quer, todos nós queremos”.

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