quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Comandante da Força de Pacificação no Rio preocupa-se com corrupção policial

Daniel Milazzo
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro

No início da tarde do último dia 26 de novembro de 2010, o general Fernando Sardenberg, comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista, anunciava que o Exército havia iniciado o cerco aos complexos de favelas do Alemão e da Penha, zona norte do Rio de Janeiro.

Após a megaoperação na qual forças policiais e militares agiram em conjunto para tirar o território do poder do narcotráfico e devolvê-lo ao Estado, a palavra de ordem era a presença permanente na região.

Para isso, em 23 de dezembro, um acordo assinado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o governador do Rio, Sérgio Cabral, autorizava a Força da Pacificação a entrar em cena.

Aliás, autorizava a entrada efetiva nos dois complexos de favelas, já que antes do acordo a participação do Exército esteve restrita ao cerco.

Ao general Sardenberg foi delegada a missão de comandar cerca de 1.500 militares, mais 200 policiais militares e 30 policiais civis, numa região composta por 22 comunidades e onde vivem cerca de 400 mil pessoas.

Pouco mais de um mês após a formação da FPaz, Sardenberg preocupa-se com a influência negativa que eventuais policiais corruptos possam ter sobre seus homens.
“Isso aqui era um espaço onde, notadamente, de forma ilícita, muito dinheiro rolava. Realmente, é um ambiente perigoso. É uma preocupação que nós temos. Cabe a nós fiscalizar, acompanhar para minimizar ou evitar que esse fator ocorra”, comenta o general. Semana passada, o Exército afastou 30 militares e 23 PMs suspeitos de furto.

Sardenberg promete “morder o calcanhar” dos que pensam que o crime voltará a imperar. Ele reconhece que o narcotráfico ainda não foi extirpado por completo.

“É claro que uma coisinha ou outra, num local onde moram 400 mil pessoas, pode estar ocorrendo, mas não da forma ostensiva como vinha sendo feita”, acredita. Para o comandante da FPaz, o exemplo da colaboração do Exército nos dois complexos deveria servir à evolução dos conceitos de segurança pública. “Para quem tiver o mínimo de entendimento, nós estamos fazendo uma escola”, assevera.

Ressaltando que a atuação militar no território se trata de uma operação de “polícia pura”, o general argumenta que a FPaz oferece ensinamentos práticos de como se deve agir.

“Não é subir correndo atrás de um carro de combate, chegar no alto do morro e espantar uma garotada de 16 anos. Não é só isso não.”

Confira a entrevista completa:

UOL Notícias: Um mês após o início do trabalho da Força de Pacificação, qual é o balanço da operação nos dois complexos?

Nós iniciamos com um cerco ao Complexo do Alemão e a partir de dezembro evoluímos constituindo a chamada Força de Pacificação.

Vimos desenvolvendo uma série de ações de forma crescente. Iniciamos um patrulhamento intensivo, até mesmo para o melhor conhecimento da região, e atualmente nós temos evoluído muito no modus operandi.

Saímos somente do patrulhamento ostensivo para postos de bloqueio e controle de via urbana, fiscalização de carros e motos, atuações conjuntas com delegacias especializadas, como a DRFA [Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis], buscando retirar carros irregulares daqui e fazendo efetivamente operações de todos os tipos, inclusive grandes operações.

Como são essas grandes operações?

Toda semana nós fazemos duas grandes operações: uma no Complexo da Penha e uma no Complexo do Alemão.

Nós selecionamos uma das 22 comunidades, fruto de um levantamento da existência de problemas, e, com um mandado da Justiça, às 6h da manhã, nós investimos com bastante gente nessa comunidade, com Polícia Militar, blindado, helicóptero.

Efetivamente, fazemos uma revista bem apurada. Passamos em média um dia lá dentro. Em todas que nós entramos até agora, que nunca tinham tido esse tipo de operação, a receptividade foi muito boa.

Não tivemos qualquer problema, nada. Acho que temos conseguido um sucesso muito positivo. Discordo de algumas considerações que estão sendo feitas na mídia...
 

Quais?
De que o tráfico não morreu, de que as pessoas estão com medo. Claro, ainda são menos de dois meses de operação.

Existe muita coisa latente daquilo que existia, mas a coisa tem evoluído muito acentuadamente. Quem viu isso aqui dois meses atrás em nível de comércio e vê como o comércio está hoje...

A cada dia que passa você vê lojas novas, empreendimentos novos. Isso são empregos novos, é dinheiro que circula, é ocupação daquele espaço, o que vinha sendo feito de outra forma, de forma ilícita.

É claro que uma coisinha ou outra, num local onde moram 400 mil pessoas, pode estar ocorrendo, mas não da forma ostensiva como vinha sendo feita.

O Alemão, um mês após ocupação

Uma das críticas às áreas onde já existe UPP é justamente a de que o tráfico continua existindo, mas sem o armamento ostensivo. Precisamente nos complexos do Alemão e da Penha, como você vê isso?

Isso aqui é um processo. Estamos ainda numa condição latente, onde verdadeiras comunidades, favelas, eram dominadas por grupos de traficantes, basicamente o Comando Vermelho.

Tanto o direito de ir e vir como todos os demais direitos eram totalmente tolhidos. E muita gente sobrevivia fruto desse dinheiro e convivia naquele ambiente. Mas isso nós estamos coibindo.

 
Qual é o estágio ideal que vocês pretendem atingir?

Nós temos por objetivo principal a recuperação da credibilidade das instituições do Estado perante estas comunidades.

Durante cerca de quinze anos isso deixou de existir. Existe, então, um trabalho onde nós buscamos operar pela ação de presença.

Sempre de forma itinerante, nós estamos batendo todos os locais de concentração. Estamos presentes, conversando com as lideranças comunitárias, coibindo determinados eventos que eram praticados aqui.
 

Refere-se aos bailes funk?

Isso. A princípio, negativo. Não autorizamos e deixamos bem claro: aqueles que nós deixamos funcionar, nós acompanhamos.

E quando há qualquer coisa do tipo briga, consumo de bebida alcoólica por menor, constatação de qualquer tipo de tráfico de substância entorpecente ou veiculação de músicas com tom não legal, aí nós intervimos.

As Forças Armadas exercem a função de polícia na região?

Nós efetivamente estamos fazendo o papel de polícia aqui. Isso é uma operação de polícia pura. Nós operamos com a Polícia Militar sempre conosco.

Mas é importante ressaltar: sempre pautando todas as nossas ações pela legalidade. Nós só entramos em qualquer localidade com o consentimento do morador ou com um mandado de busca e apreensão.
Buscamos muito também dosar a força.

O nosso pensamento é que estamos atuando contra uma garotada que não teve muita opção por escolher o caminho que eles professavam por aqui. É uma garotada despreparada, que, por força de uma ausência do Estado durante muito tempo, achava que tinha uma determinada força e não tem. Não tinha.

Tanto que aconteceu o que está acontecendo. Buscamos muito evitar um confronto de tal forma que venha a ser produzida uma vítima. Já tivemos oportunidade disso acontecer e evitamos para que isso não ocorresse.

Somente numa condição de legítima defesa, que minha tropa se veja tolhida e tenha que reagir, aí nós poderemos evoluir para o uso da força. Mesmo assim, enfatizando antes o uso do armamento não-letal. Nossa ênfase é recuperar a confiança da população em nós, o Estado.

 
Como vê o preparo dos seus homens para esse tipo de trabalho?


Para quem tiver o mínimo de entendimento, nós estamos fazendo uma escola. O aparato de segurança pública do Estado tem que usar como exemplo no futuro. Buscar evoluir os seus conceitos e, a partir disso, ter gente dele [aparato de segurança pública do Estado] em condições de fazer o que nós fazemos.

Ou seja, não é subir correndo atrás de um carro de combate, chegar no alto do morro e espantar uma garotada de 16 anos. Não é só isso não.

Tem que ter a capacidade, que é o mais difícil, de ficar aqui dois, três, quatro meses efetivamente, andando, operando de noite, de madrugada, reunindo-se com lideranças comunitárias, conversando com as pessoas, colaborando para que o comércio se abra.

Cobrando mesmo, via os meus chefes, que têm ligações políticas, ações do governo estadual e governo municipal para que isso aqui não pare, não morra.

Para quem tem o mínimo de conhecimento de segurança pública, que veja aquilo que nós estamos fazendo. Acho que nós estamos fazendo escola.

Você preconiza que essa colaboração entre polícia e forças armadas continue e se expanda para outros lugares?

Não é isso o que estou dizendo. Não posso falar isso, porque sou um general de Brigada. Minha atuação se pauta no plano tático e eu cumpro ordens. Tenho chefes acima de mim que se ligam na vertente política.

Se houver ou não uma evolução nesse sentido, não cabe a mim defini-la. O que nós estamos fazendo aqui, dentro daquilo que foi decidido, é um modelo que deve pelo menos ser estudado pelos órgãos de segurança pública estaduais para a evolução deles mesmos.

No início da operação, queria-se limitar a presença dos militares por haver um receio de que os homens pudessem se “contaminar” com eventuais policiais corruptos. Como você vê a questão?

Na prática, a gente lida com seres humanos. Nós temos toda uma preparação, toda uma sequência de ordens estabelecida.

Nós preconizamos um fator chamado ação de comando.

Ou seja, é general que tem que estar olhando os coronéis, os coronéis que têm que olhar os capitães. Por isso eu fico aqui o tempo todo, os coronéis ficam aqui o tempo todo. Fiscalizando, cobrando, incentivando. Isso aqui é muito grande. São 400 mil pessoas.

te, de forma ilícita, muito dinheiro rolava. E até mesmo nós ouvimos falar de alguns envolvimentos externos de fora da comunidade.

Realmente, é um ambiente perigoso. É uma preocupação que nós temos. Mas a ordem foi determinada para que nós permaneçamos até outubro. É missão dada, missão cumprida. Cabe a nós fiscalizar, acompanhar para minimizar ou evitar que esse fator ocorra.

O que vocês pretendem ter realizado até outubro?

Tenho um batalhão da Polícia Militar subordinado a mim.

É o Batalhão de Campanha da PM. Tem um coronel da PM que trabalha comigo.

O que nós pretendemos, na realidade, é esmagar ou eliminar aquilo que era praticado.

Nós, militares do exército brasileiro, somos chatos.

Estamos o tempo todo andando em todas as partes das duas comunidades, não existe nenhum ponto em que nós não vamos.

Quando a nossa inteligência levanta determinado número de indícios em determinada área, é motivo para nós desencadearmos aquela grande operação.

Nós estamos o tempo todo mordendo o calcanhar daqueles que ainda acham que aquilo que era praticado aqui vai retornar.

Se isso for mantido até o mês de outubro, eles vão ter que procurar outro local para praticar isso, porque aqui eles não vão conseguir.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cabral: ações policiais marcam início de pacificação em Santa Teresa


RIO - Depois de inaugurar a agência do Banco do Brasil no complexo do Alemão, na manhã desta terça-feira, o governador do Rio visita a base da Força de Pacificação das comunidades da Zona Norte do Rio. Cabral está acompanhado do ministro da Defesa, Nelson Jobim, do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, do comandante do Exército, general Enzo Martins, do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, e do general Adriano Pereira, do Comando Militar do Leste.

Antes de seguir para sua segunda agenda, o governador informou  que as ações policiais nos morros do Zinco, São Carlos e Querosene, no Estácio, e da Mineira, no Catumbi, na Zona Norte do Rio, marcam o início do processo de pacificação das comunidades do bairro de Santa Teresa.

No entanto, o governador não anunciou a data exata para a instalação da UPP. -

No São Carlos está mais do que demonstrado que necessita de uma UPP. A operação de ontem foi planejada para o processo de pacificação, que se dará em breve - disse Cabral.

Ele também comentou os tiros que atingiram o prédio da prefeitura, na Cidade Nova, durante a operação da polícia nesta segunda-feira: -

Evidente que é uma reação do tráfico, mas que tem prazo para acabar - garantiu.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

 RJ: John McCain se diz impressionado com progresso em Santa Marta



Os senadores John McCain e John Barrasso visitaram na tarde deste domingo a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro Dona Marta, na zona sul do .... Foto: Jefferson Martins/Futura Press McCain se disse impressionado com progresso alcançado, mas afirmou que ainda há muito a ser feito
Foto: Jefferson Martins/Futura Press

    Dois senadores americanos - incluindo o ex-candidato à presidência dos EUA John McCain - foram neste domingo ao Rio de Janeiro para conhecer o programa de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e disseram que vão levar as "lições aprendidas" para o seu país.

    Eles elogiaram a iniciativa depois de sobrevoarem o Complexo do Alemão, na Zona Norte, e visitar a UPP do Santa Marta, em Botafogo.

    Hoje, os republicanos McCain e John Barrasso viajam para Brasília, onde se encontram com a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer.

    Os senadores chegaram ao Santa Marta por volta das 16h, pelo menos uma hora depois do previsto.

    Durante 40 minutos, eles visitaram a UPP instalada no alto do morro e pegaram o teleférico do Plano Inclinado da comunidade até o Espaço Michael Jackson.

    Durante o trajeto, foram acompanhados pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte.

    Segundo Duarte, os parlamentares estrangeiros se mostraram entusiasmados com o que viram.

    "Eles parecem ter gostado dos resultados da política de pacificação daqui. Expliquei a eles que o conceito de UPP não é apenas uma intervenção policial, mas também tem uma série de iniciativas sociais para os moradores das comunidades pacificadas", destacou o coronel.
    Senador do estado de Wyoming, John Barrasso afirmou que a visita também serviu para tirar ensinamentos a partir da política de segurança adotada no Rio de Janeiro. "Realmente estamos impressionados com a política implementada pelo governador e pelo prefeito. Viemos aqui estudar essas iniciativas e verificar que lições podemos tirar a partir delas", declarou Barrasso.
    Com boné da Marinha americana, o senador John McCain, do estado do Arizona, que perdeu para o democrata Barack Obama nas eleições presidenciais de 2008, também elogiou a política de segurança. Ele lembrou, porém, que ainda há muito a se fazer no combate ao crime.
    "Estamos impressionados com o progresso que foi feito. É claro que há ainda um grande caminho para percorrer, mas vimos que houve um progresso significante e estamos muito impressionados. Sabemos, porém, que o problema das drogas ainda continua um desafio tanto para o Brasil, como para os Estados Unidos", ressaltou.
    Luta contra o terrorismo em discussão
    Os dois senadores se encontram nesta segunda com Dilma Rousseff e devem tratar de política internacional. Entre os assuntos está o combate ao terrorismo. "O Brasil é uma grande potência aqui na região e em todo o mundo. Temos boas relações com o País, mas precisamos estreitá-las, seja na luta contra o terrorismo ou em questões econômicas e culturais", declarou McCain.
    Rio resgatado
    Ao observar de perto a política de segurança implementada no Rio de Janeiro, o senador John McCain afirmou que, com ela, a população fluminense é bastante beneficiada. "Estão resgatando o Rio de Janeiro para o povo do Rio de Janeiro", disse.
    O coronel Mário Sérgio Duarte recordou que uma das dúvidas dos senadores ao visitarem a UPP era em relação às reações dos traficantes de drogas à perda do controle das comunidades hoje pacificadas. "Explicamos a eles que as UPPs já têm um história aqui no Rio. Começamos em 2008 e temos um conjunto de sucessos", disse o coronel Mário Sérgio.
    O Dia
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    1. John McCain representa respectivamente a comissão de Serviços Armados do Senado dos EUA

      Foto: Jefferson Martins/Futura Press
    2. Os senadores John McCain e John Barrasso visitaram na tarde deste domingo a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro Dona Marta, na zona sul do Rio de Janeiro

      Foto: Jefferson Martins/Futura Press
    3. Os senadores americanos chegaram visitaram a laje onde o cantor Michael Jackson gravou um videoclipe em 1996

      Foto: Jefferson Martins/Futura Press
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    10/01/2011 - 07h06
    Ele veio pesquisar o analfabetismo, que faz pessoas escreverem 'Sismado' ao inves de 'Cismado'.

    marcos luiz

    postado:
    10/01/2011 - 07h01

    Ô sismado, é claro que eles vieram tratar de outras coisas, mas também de segunrança. 

    Tem áreas da perifericas das grandes cidades americanas que são muito mais perigosas que as favelas do Rio de Janeiro. Experimente sair depois das 11 horas da noiite na periferia de Washington, Los Angeles ou Chicago pra vc ver. Colm uma agravante. Lá, o racismo é ainda maior do que aqui. Branco não entra em área de negro, negro não entra em área de porto-riquenho, e vai por aí afora....
    up down

    sismado

    postado:
    10/01/2011 - 04h40
    EU GOSTARIA DE SABER QUAL FOI O REAL MOTIVO PARA ELES VIREM AO BRASIL, CLARO QUE FOI PARA OUTRA COISA A TRATAR .NAO TENHO DUVIDAS ISSO SO É UMA FACHADA;